Na última década, a United Launch Alliance (ULA), enfrentou uma série de desafios desde que perdeu o domínio do mercado de lançamentos espaciais dos EUA para a SpaceX. Agora, a joint venture entre Boeing e Lockheed Martin, luta para recuperar sua posição frente aos avanços rápidos da concorrência.
Vamos entender:
A ULA sempre foi a lançadora oficial de missões espaciais dos EUA;
Com a ascensão da SpaceX, esse monopólio foi ameaçado;
Com o tempo, a empresa de Elon Musk superou a principal rival nos contratos com o Pentágono;
O governo norte-americano está buscando outras alternativas para não depender exclusivamente de uma única lançadora;
A ULA tem se dedicado ao foguete Vulcan Centaur para recuperar a confiança dos militares e garantir novos contratos.
Primeiro lançamento do foguete Vulcan Centaur, da ULA, em 8 de janeiro de 2024. Crédito: NASA TV
A ascensão da SpaceX, fundada por Elon Musk em 2002, transformou o panorama das viagens ao espaço e se tornou a empresa lançadora de foguetes mais ativa do mundo. Por consequência, nos últimos anos, consolidou-se como o principal parceiro das Forças Armadas dos EUA, realizando missões importantes que antes eram exclusivas da ULA.
Atraso no desenvolvimento de foguete faz ULA perder posto para SpaceX
Enquanto a rival crescia, a ULA apostava no Vulcan Centaur, seu novo foguete destinado a substituir os mais antigos, impulsionados por motores russos. No entanto, problemas significativos de desenvolvimento atrasaram o cronograma, levando a críticas do Congresso americano e do Pentágono.
Em entrevista ao The Wall Street Journal (WSJ), Tory Bruno, CEO da empresa, expressou determinação em acelerar a produção do Vulcan, destacando a importância das missões espaciais para a segurança nacional.
Segundo ele, a ULA tem trabalhado para aumentar a capacidade de sua fábrica em Decatur, no Alabama, reorganizando o espaço e mobilizando engenheiros para manter as linhas de produção em funcionamento. “Sabemos que muita gente depende de nós”, disse Bruno. “Estamos realmente nos esforçando para acelerar”.
Os desafios da ULA, entretanto, não se limitam apenas ao desenvolvimento do Vulcan. Existem também pressões financeiras, com documentos da Lockheed Martin indicando uma queda nos lucros nos últimos anos. Discussões sobre a venda da empresa surgiram como uma possibilidade, lançando dúvidas sobre o futuro da companhia e de seus cerca de três mil funcionários.
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A história da ULA começou em 2006, quando Boeing e Lockheed Martin uniram seus negócios de lançamento espacial, com apoio do governo, para garantir a disponibilidade contínua de foguetes para missões de segurança nacional. Durante anos, a empresa manteve um registro impressionante de lançamentos para o Pentágono, realizando mais de 70 missões de segurança nacional entre 2007 e 2017.
Enquanto isso, a SpaceX lutava para ganhar acesso ao mercado de missões espaciais militares, conseguindo seu primeiro contrato de lançamento com a Força Aérea em 2016, quando começou a desafiar o monopólio da ULA. Desde então, a empresa de Musk demonstrou sucesso com sua frota de foguetes parcialmente reutilizáveis, conhecidos por serem mais acessíveis, confiáveis e capazes de lançamentos rápidos.
Decolagem de um foguete Falcon 9, da SpaceX, que derrubou o monopólio da ULA nos lançamentos espaciais do Pentágono em 2016. Crédito: SpaceX
O desenvolvimento do Vulcan Centaur pela ULA foi uma resposta à necessidade de se afastar dos motores russos nos foguetes Atlas V, um requisito estabelecido após a invasão russa da Crimeia em 2014. A Blue Origin, empresa espacial de Jeff Bezos, foi contratada para fornecer novos motores para o Vulcan, mas enfrentou problemas significativos inclusive para sua própria produção.
Vulcan Centaur voou pela primeira vez em janeiro
Apesar dos contratempos, a ULA finalmente lançou o Vulcan Centaur pela primeira vez em janeiro. Planos para mais três lançamentos estão agendados para este ano, com o objetivo de demonstrar ao Pentágono que o foguete pode operar conforme projetado. No entanto, a transferência de missões para a SpaceX devido aos atrasos no desenvolvimento do veículo levantou questões sobre a capacidade da ULA de atender à crescente demanda dos EUA por lançamentos seguros e pontuais.
O Congresso e o Pentágono expressaram preocupações sobre a dependência contínua de uma única empresa para serviços críticos de lançamento, enfatizando a necessidade de diversificação de provedores para promover competição e reduzir custos. Visitas recentes às instalações da ULA e da Blue Origin foram realizadas para avaliar as capacidades de produção e explorar alternativas para garantir a resiliência do programa de lançamentos espaciais norte-americanos.
Conforme a SpaceX continua a expandir suas operações e a dominar o mercado de lançamentos nos EUA, o futuro da ULA permanece incerto, mas a empresa se mostra determinada a recuperar sua posição competitiva e a provar sua capacidade de oferecer lançamentos confiáveis e eficientes.
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