Na última semana, o início do inverno provocou um frio extremo no sul do continente, levando o mar a congelar em uma área da Patagônia na província argentina da Terra do Fogo. 

Imagens que se tornaram virais nas redes sociais mostram as águas parcialmente congeladas na costa de San Sebastián, cerca de 94 km ao norte de Río Grande. A região registrou temperaturas de -10ºC a -15ºC nos últimos dias.

De acordo com a plataforma de meteorologia MetSul, essa combinação de frio intenso e ventos fracos, que reduziram a ondulação do mar, resultou no congelamento, um fenômeno que não é comum na região – tendo ocorrido pela última vez em junho de 2020, durante um outro período de frio severo.

Mar congelado en Tierra del Fuego. pic.twitter.com/JgeXrFMrBV

— Tiempo AMBA (@Tiempo_AMBA) June 26, 2024

Com o frio extremo, tempestades de neve causaram grandes acumulações na Patagônia. Essas condições exigiram esforços de resgate tanto para pessoas quanto para animais nas áreas rurais, em operações de salvamento que envolveram o exército argentino.

De acordo com o professor Francisco Aquino, climatologista e pesquisador do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), para o mar congelar é preciso que as temperaturas sejam negativas, a região costeira seja isolada, não haja vento e as águas sejam calmas.

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Especialista explica como o mar congelou na Argentina

Em entrevista ao G1, Aquino explicou que o sal presente na água do mar impede a formação de gelo devido à sua interferência na estrutura cristalina. Porém, quando as condições climáticas são ideais, o sal é gradualmente expulso, o que permite o congelamento da água. “Isso significa que, se nesta região o mar congelasse durante o inverno, não derretesse no verão e no próximo inverno ele expandisse a sua espessura, cada vez mais você teria gelo marinho de água doce. Trata-se de uma água que pode ser consumida, inclusive”.

Mar congelou na Argentina na última semana. Crédito: Reprodução Redes Sociais

O pesquisador explica que não se trata do congelamento das ondas. “Quando vídeos assim viralizam, o comentário que as pessoas fazem das imagens é de que as ondas congelaram. É importante destacar isso: se tivesse onda rompendo naquela praia, o mar não congelaria, a dinâmica interromperia o processo lento e sutil necessário para o congelamento”.

De acordo com o especialista, a espessura da camada de gelo na área onde o vídeo foi registrado tem entre 15 e 20 centímetros. Por ser muito frágil, ela geralmente dura apenas alguns dias ou semanas.

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