Encontrar água no sistema solar pode ser desafiador, pois sua presença varia significativamente entre os diferentes corpos celestes. A distribuição é variada porque a água pode existir em diferentes estados (sólido, líquido, gasoso) e em diversas formas (gelos, vapor, líquido) em diferentes partes do Sistema Solar. 

Alguns corpos, como a Terra e algumas luas de planetas gigantes, possuem água visível em suas superfícies ou subsuperfícies. Outros, como Vênus e Mercúrio, têm temperaturas extremas que dificultam a presença de água líquida.

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A detecção de água muitas vezes depende de métodos indiretos, como análise de espectros de luz refletida ou emitida pelos corpos celestes. Instrumentos especializados em sondas espaciais, telescópios e missões robóticas são usados para identificar sinais de água.

Em alguns casos, a água pode estar presa em gelo permanente em crateras permanentemente sombreadas na Lua e em Marte, por exemplo, o que torna sua detecção e exploração desafiadoras.

(Imagem: Shutterstock)

As missões espaciais, como as da NASA, ESA e outras agências espaciais, são fundamentais para explorar e entender melhor a distribuição e a natureza da água no sistema solar. Essas missões fornecem dados cruciais que ampliam nosso conhecimento sobre os recursos hídricos disponíveis em outros corpos celestes.

A busca por água no sistema solar é crucial para entender a evolução dos planetas e luas, as condições de habitabilidade e a possibilidade de vida além da Terra. A água é um recurso fundamental para muitos processos geológicos, atmosféricos e potencialmente biológicos em outros mundos.

A presença de água em vários corpos celestes é um aspecto importante para entender a habitabilidade e o potencial para a vida além da Terra.

Onde tem água no Sistema Solar?

Embora encontrar água no sistema solar possa ser desafiador devido às condições extremas e à variação na sua presença, as descobertas e avanços científicos continuam  expandindo nosso entendimento sobre os recursos hídricos fora da Terra. Abaixo estão  alguns locais onde água foi detectada ou é suspeita de existir:

1- Terra

Imagem: Cinefootage Visuals/Shutterstock

Obviamente, a Terra possui vastas quantidades de água em seus oceanos, lagos, rios, e subsolo. Porém, a água está se tornando um recurso escasso em várias partes do mundo devido a uma combinação de fatores naturais e atividades humanas.

A água doce disponível na Terra não está distribuída uniformemente. Algumas regiões têm acesso abundante à água, enquanto outras enfrentam sérios desafios de escassez.

O crescimento populacional, o desenvolvimento industrial e agrícola, bem como mudanças nos padrões de consumo estão aumentando a demanda por água doce em todo o mundo.

A poluição da água por produtos químicos industriais, resíduos agrícolas, esgoto não tratado e outros poluentes reduz a quantidade de água potável disponível e afeta a qualidade da água.

As mudanças climáticas estão alterando os padrões de precipitação, levando a secas prolongadas e intensificando eventos climáticos extremos, como inundações e tempestades, que podem afetar a disponibilidade e a distribuição da água.

Para enfrentar a escassez de água, são necessárias políticas eficazes de gestão de recursos hídricos, investimentos em infraestrutura hídrica, tecnologias de conservação e uso eficiente da água, além de práticas agrícolas e industriais sustentáveis.

2- Lua

Até pouco tempo, acreditava-se que a Lua fosse um corpo celeste essencialmente seco, porém, evidências recentes sugerem a presença de água em forma de gelo em crateras permanentemente sombreadas em seus polos.

 Estudos confirmaram a presença de água molecular (H2O) na superfície lunar, detectada em pequenas quantidades em regiões iluminadas pelo sol. Essa água pode estar presa dentro de minerais ou em camadas finas de gelo.

Observações de várias missões, incluindo a sonda lunar Chandrayaan-1 da Índia e a sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) da NASA, identificaram depósitos de gelo de água em crateras permanentemente sombreadas nos polos lunares. Essas áreas frias e escuras preservam gelo de água de impactos cometários e outras fontes ao longo de bilhões de anos.

A presença de gelo de água nos polos lunares é de interesse significativo para futuras missões de exploração lunar e para estabelecer bases humanas na Lua. Esse gelo de água poderia potencialmente ser extraído e convertido em água potável, oxigênio respirável e até combustível para foguetes (hidrogênio e oxigênio).

A água na Lua pode ter múltiplas origens, incluindo impactos de cometas e asteroides ricos em água ao longo da história lunar, bem como processos internos e interações com o vento solar.

Agências espaciais, como a NASA e outras entidades privadas e internacionais, estão planejando missões para investigar e explorar mais profundamente a presença de água na Lua. Isso inclui a construção de habitats sustentáveis ​​e o uso de recursos locais para apoiar a exploração espacial de longo prazo.

3- Marte

Marte possui gelo em seus polos e em subsuperfícies. A sonda Phoenix encontrou gelo de água em Marte em 2008. Mas, para discutir a presença de água em Marte, é importante considerar várias descobertas e evidências científicas coletadas ao longo das décadas por várias missões espaciais, como: 

Polar Caps: Marte possui calotas polares nos seus polos, compostas principalmente por gelo de água misturado com gelo seco (dióxido de carbono congelado). Estes depósitos de gelo são visíveis nas imagens de sondas orbitais, como a Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA.

Permafrost: em várias regiões de Marte, especialmente em latitudes mais altas, há evidências de permafrost (solo permanentemente congelado) que pode conter gelo de água subsuperficialmente. Essa água pode estar presente em forma de gelo e é detectada por instrumentos de sondas que analisam a composição do solo.

Fluxos de água salgada: existe evidência de que durante as estações mais quentes em Marte, fluxos sazonais de água salgada podem ocorrer em encostas íngremes e crateras. Esses fluxos são conhecidos como “linhas de recurso”, e sua existência sugere a presença temporária de água líquida na superfície marciana.

História de água antiga: a topografia e a geologia de Marte mostram evidências claras de que no passado distante, o planeta teve uma quantidade significativa de água líquida em sua superfície. Vales, canais e leitos de rios secos são evidências de um passado mais úmido e mais quente em Marte.

Busca por vida: a presença de água em Marte é crucial para a busca por vida, passada ou presente, no planeta vermelho. A água é um pré-requisito fundamental para a vida como a conhecemos, e entender sua distribuição e história em Marte é essencial para explorar essa possibilidade.

Missões de exploração: A NASA, a ESA (Agência Espacial Europeia) e outras agências espaciais têm enviado várias missões para estudar Marte, incluindo rovers como o Curiosity e o Perseverance, além de sondas orbitais, para investigar a presença e a distribuição de água no planeta.

4- Europa (lua de Júpiter)

Lua Europa, de Júpiter (Imagem: Naeblys/Shutterstock)

Europa é coberta por uma crosta de gelo, sob a qual há um oceano de água salgada líquida, tornando-a um dos alvos principais na busca por vida além da Terra. A lua de Júpiter é conhecida por ter um oceano global subsuperficial de água líquida sob uma crosta de gelo que pode ter vários quilômetros de espessura. Este oceano é um dos principais alvos na busca por vida além da Terra, já que a água líquida é um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos.

Observações da sonda Galileo da NASA indicaram a presença de plumas de água ejetadas da superfície de Europa. Essas plumas fornecem uma oportunidade única para coletar amostras diretamente do oceano subsuperficial, sem a necessidade de perfurar a crosta de gelo.

 A superfície de Europa é marcada por características geológicas únicas, como linhas e sulcos que sugerem atividade geológica recente. Estas linhas e sulcos são amplamente interpretados como resultado da flexão da crosta de gelo sobre um oceano líquido em movimento.

A NASA está planejando a missão Europa Clipper para estudar mais de perto a lua Europa. Essa missão incluirá análises detalhadas da composição da superfície, medições da espessura da crosta de gelo e estudos dos potenciais plumes de água.

Devido à presença de água líquida, energia geotérmica e compostos orgânicos, Europa é considerada um dos ambientes mais promissores para a busca de vida extraterrestre dentro do nosso sistema solar.

Tudo isso faz de Europa uma lua intrigante com um oceano global subsuperficial de água líquida sob uma crosta de gelo, tornando-a um alvo crucial para a exploração futura e a investigação científica sobre a habitabilidade e a possibilidade de vida além da Terra. As futuras missões espaciais têm o potencial de revelar muito mais sobre esse ambiente único e suas implicações para a astrobiologia.

5- Encélado (lua de Saturno)

Imagem: joshimerbin / Shutterstock.com

Encélado possui plumas de água ejetadas de sua superfície, sugerindo a presença de um oceano subsuperficial de água líquida sob uma camada de gelo. Uma das descobertas mais significativas sobre Encélado veio da sonda Cassini da NASA, que observou jatos de material ejetados através de fendas na superfície da lua. Esses jatos, conhecidos como plumas, consistem principalmente de água, gelo de água e compostos orgânicos.

As plumas de Encélado fornecem evidências convincentes de que há um oceano subsuperficial de água líquida sob a crosta de gelo da lua. Esse oceano é considerado global e pode ter uma profundidade significativa.

Encélado é geologicamente ativa, com fendas e sulcos na superfície que indicam processos dinâmicos em seu interior. Acredita-se que a energia necessária para alimentar essa atividade venha da interação gravitacional com Saturno, conhecida como aquecimento por maré.

Análises espectroscópicas e de partículas das plumas de Encélado revelaram a presença de água, dióxido de carbono, metano, amônia e outros compostos orgânicos, todos essenciais para a química da vida.

A NASA está considerando futuras missões para Encélado, incluindo missões dedicadas a estudar as plumas e amostras do material ejetado, além de missões orbitais para estudar a lua de maneira mais abrangente.

6- Ganimedes e Calisto (luas de Júpiter)

Acredita-se que Ganimedes seja uma lua oceânica (Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM)

Ambas as luas possuem crostas de gelo e são suspeitas de terem oceanos de água líquida subsuperficiais. Ganimedes e Calisto têm características interessantes relacionadas à presença de água, embora suas condições e descobertas sejam distintas:

Ganimedes:

Subsuperfície oceânica: Ganimedes é a maior lua do sistema solar e é conhecida por ter uma subsuperfície oceânica de água salgada líquida sob uma crosta de gelo. Estudos sugerem que esse oceano pode ser bastante profundo, possivelmente contendo mais água do que todos os oceanos da Terra combinados.

Evidências de magnetosfera: observações da sonda Galileo da NASA indicaram que Ganimedes possui uma magnetosfera, o que sugere a presença de um núcleo metálico líquido em seu interior. Esta configuração poderia ser influenciada pela interação entre o oceano subsuperficial e o núcleo rochoso.

Calisto é o segundo maior satélite natural de Júpiter e o mais distante do planeta, além de ser a terceira maior lua do Sistema Solar. Crédito: JPL/Nasa

Calisto:

Subsuperfície gelada: Calisto também é conhecida por ter uma subsuperfície gelada, mas sua composição e estrutura interna sugerem que ela pode abrigar um oceano subsuperficial, embora não seja tão profundo ou dinamicamente ativo quanto o de Ganimedes.

Geologia antiga: Calisto tem uma superfície muito antiga e craterada, indicando que mudanças geológicas significativas podem ter ocorrido em tempos passados, mas a atividade geológica atual é mínima.

Ambas foram alvos de estudo por várias missões espaciais, incluindo a sonda Galileo e, potencialmente no futuro, missões dedicadas a estudar suas subsuperfícies e características específicas relacionadas à água. Estudos contínuos e futuras missões espaciais podem revelar mais sobre a composição e a habitabilidade potencial desses mundos gelados dentro do nosso Sistema Solar.

7- Titã (lua de Saturno)

Sonda Cassini revelou superfície da lua Titã (Imagem: NASA/JPL-Caltech/Univ. Arizona/Univ. Idaho)

Embora Titã seja rico em hidrocarbonetos, não tem água líquida na superfície, mas pode haver oceanos subsuperficiais de água misturados com amônia sob sua crosta de gelo.

Titã é a maior lua de Saturno e possui uma atmosfera densa e características únicas.  Diferentemente da água líquida encontrada na Terra, Titã possui lagos e mares de metano e etano líquidos em sua superfície. Esses corpos líquidos são uma das descobertas mais intrigantes da missão Cassini-Huygens da NASA/ESA.

Titã tem um ciclo hidrológico similar ao da Terra, mas baseado em metano e etano. As nuvens de hidrocarbonetos condensam e precipitam sobre a superfície, formando lagos e rios que se evaporam novamente.

Além dos lagos superficiais, estudos sugerem a presença de oceanos subsuperficiais de água misturada com amônia abaixo da crosta de gelo de água e gelo de metano.

 A sonda Cassini-Huygens, que terminou sua missão em 2017, forneceu dados valiosos sobre a composição e a dinâmica de Titã, incluindo imagens detalhadas de sua superfície e análises de suas características geológicas e atmosféricas.

Apesar das temperaturas extremamente baixas (-180°C), a presença de líquidos e compostos orgânicos complexos em Titã levanta questões intrigantes sobre a possibilidade de prebióticos e a química necessária para formas de vida exóticas.

Cometas e asteroides

Cometa Halley. Crédito: ESA/Sociedade Max Planck, via NASA.gov

Cometas contêm água congelada, bem como asteroides que podem ter depósitos de gelo de água. Eles são corpos celestes que podem conter água em diferentes formas e proporções.

Os cometas são compostos principalmente por gelo, poeira e rochas. Seus núcleos são compostos principalmente de gelo de água misturado com gelo de dióxido de carbono, metano e amônia congelados.

Quando um cometa se aproxima do Sol, o calor solar aquece o gelo em seu núcleo, liberando vapor d’água e outros gases que formam a característica cauda e coma do cometa.

Alguns asteroides são conhecidos por conter minerais que indicam a presença de água ou hidratação. Esses minerais são compostos de água quimicamente ligada em sua estrutura cristalina, conhecidos como hidratos.

Estudos sugerem que os impactos de cometas podem ter contribuído significativamente para a presença de água na Terra e outros planetas internos durante os estágios iniciais do sistema solar.

Missões espaciais, como a missão Rosetta da ESA ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a missão OSIRIS-REx da NASA ao asteroide Bennu, têm como objetivo estudar a composição desses corpos para entender melhor a presença e a distribuição de água e outros compostos voláteis.

A presença de água em cometas e asteroides é crucial para entender a origem e a evolução da água na Terra e outros corpos do sistema solar. Estudos desses objetos ajudam a elucidar os processos de formação planetária e a distribuição de voláteis ao longo do tempo.

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